domingo, 15 de julho de 2007

5ª 11.4.2007






Foi-nos exibido um quadro de Helena Almeida, um auto retrato, que tem por título "Tela habitada". Depois foram projectados três auto-retratos célebres de de Rembrandt em diferentes idades.
Temos sempre a tendência para nos vermos melhores por dentro e por fora, ou pelo menos, mais próximos daquilo que gostaríamos de ser. Daí advirá, referiu o professor, a reacção muito feminina a ser fotografada: "Eu fico sempre mal nas fotografias" ou "Não sou nada fotogénica" (comentário meu: porquê feminina?)

Auto-retratos escritos
Qualquer trabalho de escrita é um auto-retrato ainda quando não escrevemos sobre nós. Pelo que ocultamos revelamos o que pensamos de nós próprios e do mundo que nos rodeia. Pelo espaço de ocultação nasce o verdadeiro retrato da pessoa.

Nos três auto-retratos de Rembrandt observamos que no da juventude não há qualquer enternecimento pela sua figura - observamos algo de impiedoso; no do fim da maturidade, próximo da do início da 3ª idade, encontramos muita frontalidade e verdade; no do fim da vida, vemos um rosto devastado ou acusando as marcas da passagem do tempo.

Não obstante a atitude de anti-moda, anti-beleza, há vícios que ninguém confessa: crueza, inveja, egoísmo, indiferença ao sofrimento alheio, porque são destrutivos e dão uma imagem péssima. Já a independência e o orgulho embelezam e não ficam tão mal.

O Marquês de Sade, Lautreamont e Jean Genet disseram horrores de si mesmos para serem admirados por isso.

Exercício durante a sessão: descrever-nos a nós próprios

Pela primeira vez, foi-nos dado um trabalho para fazer em casa: escrever um texto como se fossemos um personagem de quatro, com características que nos foram indicadas, depois de sermos também divididos em quatro grupos:
- um rapaz da classe média, toxicodependente/alcoólico com pretensões literárias;
- uma mulher de 65 anos da classe média alta que vive só e fez dois "liftings"
- um homem de quarenta anos, executivo, que sofre de disfunção eréctil;
- uma rapariga da classe trabalhadora, de 19 anos que vive num bairro social e trabalha como caixa num supermercado.
Dos quatro possíveis, penso que o que me foi atribuído seria o último que escolheria.

5 comentários:

tufa tau disse...

eu também, mesmo que a fizesse chegar aos 65 anos sem liftings.

redonda disse...

Eu até preferiria o 2º grupo, mas fiquei no 3º...

Apache disse...

“Temos sempre a tendência para nos vermos melhores por dentro e por fora”. Tive um professor de Filosofia que me tentou “vender” esta tese que temos melhor impressão de nós (física e psicológica) do que os outros, não concordo nada.
“Pelo que ocultamos revelamos o que pensamos de nós próprios e do mundo que nos rodeia”. Ora essa, então e se eu não ocultar nada, significa que não revelo nada? E se eu disser que vi um extraterrestre verde, tu deduzes o quê? Que eu não acredito na existência de vida noutros planetas, ou que o extraterrestre que eu vi era azul com bolinhas amarelas?

“Já a independência e o orgulho embelezam e não ficam tão mal.” A independência é um vício? Este teu professor…

redonda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
redonda disse...

:) Fizeste-me rir com o teu comentário :)
Agora, o Professor é muito bom e eu é que não devo ter apanhado ou traduzido bem o que ele disse.